A minha feminista precisa de você

Carolina Andrade
2 min readSep 1, 2021

Um ensaio para mulheres, e a quem mais possa interessar

Há alguns dias me peguei muito triste por um motivo que parecia muito pequeno — me sentir impotente e fora do movimento de luta pela igualdade de gênero, mesmo sabendo que isso é algo diário e que acontece através de pequenos gestos.

É exaustivo compartilhar conhecimento sobre o que é machismo, como acontece e porque nós mulheres devemos nos descontruir, e mesmo assim presenciar algumas falas desanimadoras. Mas entendo que o processo de desconstrução não é perfeito, é lento, diferente para cada pessoa, e muitas vezes, uma escolha.

Minha caminhada nesse assunto é longa. Muito longa. E toda vez que penso no motivo pelo qual escolhi essa luta, passa um filme pela minha cabeça. Situações que são o meu combustível para ocupar espaços e promover oportunidade para nossas filhas, netas e bisnetas.

Precisei criar um currículo para ser ouvida: me formei em Jornalismo e também em História, sou pós-graduanda em Antropologia Cultural, faixa preta de Taekwondo, ganhadora de 4 prêmios universitários, redatora de blogs como do Estadão e Mackenzie, Customer Success e captadora de recurso.

E isso é triste. É muito triste precisar de títulos para ter atenção quando levanto a voz para falar sobre nós. Mulheres não deveriam ser especialistas na dor que pulsa todos os dias para serem ouvidas: o do assédio, estupro, desigualdade salarial, triplas jornadas, pressão estética e de infinitas outras.

Hoje recebi a noticia de que meu artigo de pesquisa será publicado em uma revista cientifica. Nele analiso o discurso sobre a mulher no primeiro jornal paranaense. É um trabalho feminista e mais um espaço ocupado. Um vitória para nós, mulheres.

E isso faz valer a pena por todas as vezes que fui chamada de chata e inconveniente, e que fui rebaixada e julgada. Falar sobre algo que é de uma forma há muito tempo, incomoda. Mas não existe luta sem choque e ruptura.

Com isso, o que eu quero te contar é que eu preciso de você. Preciso que continue sonhando. Preciso que continue se impondo. Preciso que continue buscando seus sonhos e quebrando barreiras e preconceitos. Preciso que continue conversando sobre o universo feminino com seu parceiro, e que compartilhe a sua opinião nos espaços. Preciso que se valorize e tenha orgulho de si mesma. Preciso que se irrite, queira ser ouvida e bata pé. Que se escute, pense e repense.

Assim como eu, estão por nós diversas outras mulheres em posições de decisão: na politica, economia, universidades, empresas e governo. E elas também precisam de nós. Somos combustíveis umas das outras. Quando te vejo conquistar algo — qualquer coisa que seja importante para você — eu vibro, energizo. Quando vejo injustiças com mulheres, eu choro e sinto ódio.

Hoje comemoro novamente a minha vontade de ir adiante e construir um futuro justo e igualitário.

Você precisa de mim? Eu preciso de você.

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Carolina Andrade

25, Jornalista (PUCPR) e Historiadora (UEPG). Pós-graduanda em Antropologia Cultural. De Curitiba e apaixonada por escrever sobre as coisas da vida.